terça-feira, 18 de setembro de 2007

Novos casos de lesão no Futebol Profissional - FAST Clube

Hoje mais uma vez fui procurado por um clube de futebol, que passa por uma situação difícil ao perder dois de seus principais jogadores, vitimados por lesões nos joelhos.
É crescente o ritmo de incidência das lesões desportivas nesse segmento do aparelho, principalmente as lesões meniscais.
Trata-se de jogadores atualmente no Nacional Fast Clube, disputando a penúltima fase da Série C do Campeonato Brasileiro, sendo eles: Delmo, ídolo maior da torcida amazonense desde 1998, quando ainda jogava pelo São Raimundo, que sofreu um entorse no joelho D, com provável lesão do menisco medial e Fábio, ainda pouco conhecido, porém de igual importância no elenco do excelente Treinador Aderbal Lana, que também foi vitimado por um entorse do joelho, com provável lesão meniscal lateral. Ambos foram examinados e agora serão submetidos a análise por ressonância nuclear magnética, na Clínica MAGSCAN, nossa parceira, liderada pelos amigos Guilherme e Conceição.
Tudo pode ser acompanhado no jornal A Crítica de hoje... já nas bancas!!!
Espero que as notícias posteriores possam ser as melhores aos torcedores e esporte amazonenses!!!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

O avanço nas técnicas e materiais das cirurgias do joelho

Tendões flexores (mm. grácil e semitendíneo) já suturados e preparados em 4 feixes. Note a alça do crosspin, que não deixa haver contato com o enxerto.

Parafuso transverso absorvível de fixação femural - Cross-pin.

Tendões dos músculos grácil e semitendíneo - confecção do enxerto de tendões flexores.



Tendões flexores já retirados. Ainda serão submetidos a limpeza e sutura para confecção do enxerto quádruplo.




Parafuso transverso de titânio - Transfix. Note que seu posicionamento é perpendicular ao do enxerto.


Parafuso de interferência absorvível para fixação tibial - Extra-lock.


Posicionamento do parafuso no túnel tibial. Note que após tração manual, o parafuso é implantado paralelo ao tendão.


Imagem que mostra feridas cirúrgicas sob síntese com mononylon.


Ferida de uma artroscopia simples. Somente dois portais, um medial e um lateral ao tendão patelar.



Este é, sem dúvida, o ramo da Ortopedia e Traumatologia onde tivemos o maior avanço das técnicas e dos materiais cirúrgicos.



Quando falamos de patelar, lembramos que o mesmo é resultante da retirada do terço central do tendão, incluindo fragmentos ósseos da patela e tíbia proximal, indispensáveis para fixação do mesmo nos túneis ósseos. Lembramos ainda qua sua fixação femural e tibial se dá com o uso do parafuso de titânio ou aço, chamado de parafuso de interferência, se interpondo entre o fragmento ósseo do enxerto e a porção ósseo periférica do túnel confeccionado anteriormente. Tal enxerto dobra a potência de tensão para 200N ( a do ligamento natural é de 100N). Há ainda os tendões flexores (mm. grácil e semitendíneo), que são retirados e suturados, formando um enxerto quádruplo, também muito efetivo e potente.
Também quanto à fixação houve grandes avanços, uma vez que utilizamos atualmente os parafusos transversos no fêmur, que ficam totalmente interiorizados na massa óssea, cruzando com o neo-ligamento de forma perpendicular, diminuindo o contato com o mesmo, servindo apenas como ponto de ancoragem proximal, sem comprometer sua vascularização e consequente viabilidade. Pode ser de titânio ou material biossintético, sendo este último totalmente absorvível num período variável de 1 a 2 anos. Esse último é conhecido como Cross-pin, e utiliza-se também de uma alça onde o parafuso é posicionado, de forma que não há definitivamente qualquer contato com o enxerto, servindo apenas de ponto de sustentação, deixando livres os bordos do enxerto para o contato ósseo com as paredes do túnel ósseo, facilitando sua integração. Quanto à fixação tibial, usamos o parafuso de interferência absorvível, também conhecido com extra-lock, que com seu desenho inovador permite maior adaptação ao túnel ósseo, por ser deformável, e diminui a agressão por meio de suas estrias ao tendão flexor (enxerto) adjacente. Hé ainda aqueles de titânio, especiais para o caso, mas com eficiência bem inferior.


As inovações também estão presentes no fio que usamos, em relação a matéria-prima (seda, nylon, ...) e ao entrelaçamento de suas fibras, fazendo com que se tornem muito mais resistentes ao estresse de tração e tensão, como o exemplo do Fio de Herculine. Isso permite uma firme sutura entre os feixes tendíneos, contribuindo para integridade estrutural do enxerto e determinação de sua resitência final.



Há ainda os equipos de irrigação intra-articular, hoje dotados de sensores que controlam a saída de água, mantendo a pressão intra-articular sempre ótima e regular para a visualização das estruturas intra-articulares, lesionadas ou não. Com isso, diminuimos a chance do surgimento de uma das mais temíveis complicações pós-operatórias, resultante do estravasamento da água para os tecidos moles adjacentes à cápsula, resultando em extenso edema e dor, que muitas vezes impede a mobilidadev precoce e compromete o resultado final, além do que prolonga o tempo de internação do paciente, para regressão do mesmo. Esse controle é indispensável.


Portanto, tais avanços tornam todo o procedimento muito mais seguro e completo, com resultados excelentes e retorno precoce às atividades de trabalho ou esportivas.

LESÕES MENISCAIS

Momento em que, após a manipulação intra-articular por vídeo do menisco lesado (tipo alça de balde), estamos realizando a exérese do fragmento lesado.

Todo o procedimento é realizado com visualização pelo vídeo.

Note o grande fragmento retirada, que estava dobrada sobre si mesmo, travando de forma importante o joelho do paciente, tornando impossível sua extensão completa.


Imagem final do procedimento. Note o discreto edema residual e os portais sintetizados com apenas um ponto (0,5 cm).


Uma das patologias mais comuns na prática médica relacionada à Medicina Desportiva, pertencente a especialidade de Ortopedia e Traumatologia, é a Lesão dos meniscos.

Os meniscos estão localizados dentro da articulação do joelho, distribuídos em dois dos seu compartimentos, medial e lateral, com base em seu posicionamento femuro-tibial. Há também o segmento articular fêmuro-patelar, que é desprovido de tal estrutura.

Funcionam como amortecedores de impacto entre as estruturas ósseas já mencionadas, além de redistribuirem a carga, impede estresse excessivo sobre determinada região. São responsáveis também pela distribuição igualitária do liquido sinovial, assim como são os principais estabilizadores secundários do joelho (primários são os ligamentos).

Portanto sua lesão leve ao comprometimento de todas essas funções, e é aí que reside a importância da manutenção de sua estrutura e funcionalidade, sem exceções.

As lesões são classificadas de acordo com seu aspecto macroscópico e microscópico, onde se observa a característica do traço da lesão e sua posição em relação à vascularização, se na zona branca (desvascularizada - mais central) ou na zona vermelha (vascularizada - mais periférica). Podemos denominá-la, então, da seguinte forma: radial, radial dupla, clivagem horizontal, clivagem vertical, clivagem mista, retalho, alça de balde e degenerativa. De todas essas, apenas a última pode ser de tratamento conservador... pode ser... por que se o quadro clínico do paciente indicar dor intensa, instabilidade e impotência laborativa (ao trabalho), a indicação cirúrgica se faz necessária, mesmo nesse caso.

O tratamento atual é bem simplificado pelo avanço nas técnicas e materiais cirúrgicos empregados, fazendo com que o retorno à prática normal diária se dê por volta de 3 semanas.

A fisioterapia começa logo após a cirurgia, com crioterapia e exercícios isométricos.

A última pergunta, e uma das mais realizadas é: E se eu não fizer a cirurgia, Doutor? A explicação está no fato de que tais lesões, por toda a perda de funcionalidade que traz consigo, resulta em desgaste da cartilagem articular, com avanço para artrose degenerativa, que num estágio mais avançado só é resolvida por uma prótese total cimentada de joelho, uma cirurgia bem mais complicada e de resultados reservados.

Portanto, se você possui uma dessas lesões, fique tranquilo... sua solução é mais simples do que parece!!! Procure um especialista com urgência!!!


domingo, 2 de setembro de 2007

A verdade sobre o infarto súbito nos esportes

Muito tem se falado recentemente sobre os casos de parada cardio-respiratória ocorridos em atletas de futebol, ocorridos em centros de primeiro mundo como Itália e Israel, resultantes de falência cardíaca súbita, sem precedentes anteriores. Algumas colocações são acertadas, enquanto outras fogem totalmente do conhecimento atual sobre tal assunto, levando o assunto a uma abordagem errônea, baseada em conceitos arcaicos e já proscritos. O ruim é que alguns destes são veiculados até em jornais de grande tiragem. Um absurdo!!! Pra não dizer outra coisa!!!
Hoje é mundialmente discutido em Congressos e encontros que reunem especialistas em Medicina Desportiva, assim como cardiologistas, clínicos gerais, cirurgiões, ortopedistas, dentre outros, a gênese de tal problema, visando seu maior entendimento e consenso de acordo com os mais diferentes pontos de visão, das mais diferentes especialidades médicas, todas ligadas entre si peli esporte.
Sabemos, com base em tudo que é discutido e divulgado, que nos dias atuais os atletas são submetidos cada vez mais a uma carga excessiva de exercícios físicos, muitas vezes por sua própria vontade, a fim de obter resultados cada vez melhores, dentro de suas modalidades, obedecendo a máxima de que não hã vitória sem sofrimento.
Com esse intuito, alguns lançam mão de meios nem sempre corretos, como o uso de drogas anabolizantes sintéticas, que num curto espaço de tempo proporcionam o nível atlético esperado, porém deixam sequelas graves, como insuficiência cardíaca grave, com picos hipertensivos e falência do músculo cardíaco (miocárdio), podendo levar ao infarto e morte súbita.
Porém, mesmo no caso em que não há essa relação, temos o excesso de carga de trabalho específica, que faz com que o coração, um órgão tão importante e funcionante graças a um estímulo elétrico ritmado do próprio organismo, sofra um colapso por estresse excessivo, com decréscimo de sua vascularização e perfusão, resultando em hipóxia, isquemia e necrose do músculo, que leva à parada cárdio-respiratória e morte. Nem sempre existem alterações perceptíveis aos exames normais de rotina, o que faz com que alterações possam ser subavaliadas e o prognóstico reservado.
É difícil imaginar que centros altamente desenvolvidos como a Itália sejam balançados por tais acontecimentos, ainda mais com Clubes de Futebol altamente profissionalizados como o Sevilla, nos acontecimentos atuais. É mais comum pensarmos que isso só ocorreria em áreas subdesenvolvidas, com péssimas condições de trabalho aos médicos e demais profissionais envolvidos na área, como aqui no nosso esporte, onde nenhum dos exames de rotina é feito, com a desculpa de que não há potencial financeiro, enquanto sabemos que na maioria dos casos é descaso mesmo!!!
A verdade é que o atleta, teoricamente goza de uma saúde perfeita, sem quaisquer antecedentes patológicos e sem exposição a fatores de risco como hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, dentre outros, o que faz com que sua rede vascular que nutre o coração, tendo como base as artérias carótidas, salvo por alguma mal-formação, não tenham o que chamamos de rede vascular acessória, extremamente importante por desviar o fluxo sanguíneo conseguindo nutrir áreas acometidas por uma possível obstrução súbita. Tal rede vascular é comum em idosos e pessoas com história de comorbidades, o que faz com que o índice nessas pessoas de mal súbito seja muito menor. Como não existe no atleta essa rede acessória, qualquer obstrução resulta em grande falência do miocárdio, quase sempre mortal, dependendo apenas do grau de obstrução.
Então, muitas vezes, nós médicos envolvidos na área, podemos sim passar pela situação de sermos acusados de negligência e descaso nesses casos, como os colegas do Sevilla, porém antes é preciso que se estude o caso e que se entenda a situação, para que não se cometa injustiça, como pode ser esse o caso.
E pelo amor de Deus,vamos parar com essa história de cáries dentárias... não existe mais espaço para isso!!!

As principais lesões desportivas na prática médica

Lesão completa do tendão de Aquilles, na porção mio-tendínea, com esgarça~mento complexo das fibras. Lesão já debridada cirurgicamente.

Procedemos com a tenorrafia término-terminal tipo Krakow, com reforço utilizando o tendão do músculo fibular curto.

Ferida sob síntese, mostrando restauração da estrutura anatômica.


No dia-a-dia de consultório ortopédico, algumas perguntas são muitas vezes formuladas por nossos pacientes, vitimados por lesões ocorridas quando de práticas esportivas: Doutor, quais as lesões mais frequentes em atletas, qual seu tratamento e seu prognóstico? Volto ainda a jogar?

Pensando nisso, procuro aqui abordar tais temas e responder de forma sucinta a tais perguntas.

As duas lesões mais comuns são: Distensões musculares e lesões tendíneas, que vão desde um processo inflamatório simples, até lesão completa de suas fibras por desgaste excessivo.

Nas distensões musculares, é importante dizer que tais lesões ocorrem quando na fase antagônica da ação muscular, onde ele realiza um contração excêntrica, com alongamento máximo de suas fibras. Isso vai de encontro ao conhecimento médico geral, que até períodos não tão distantes, pensava serem tais patologias resultantes de trauma direto ou em contração concêntrica, na fase ativa.

De acordo com o estresse a que são submetidas, as fibras musculares entram em colapso, podendo sofre rupturas microscópicas, que relacionam-se apenas com os estiramentos, at~e colapso total das mesmas, as chamadas distensões musculares grau III, com ruptura total do ventre muscular.

Como já abordado, podem ser classificadas em graus ( I, II e III), de acordo com características clínicas e radiológicas, também prognósticas.

Grau I: Ruptura parcial e leve de fibras, sem depressão palpável ou visível no contorno anatômico, com leve edema local e dor à digitopressão, porém ainda sem equimose ou hematomas. O prognóstico é bom e seu tratamento baseia-se em crioterapia local, 20 minutos com intervalos mínimos de 3 horas, além de anti-inflamatórios, como Arcoxia, Prexige, Celebra, Nisulid, dentre outros, usados de acordo com indicação e prescrição médicas. A fisioterapia desde as primeiras horas pós-lesão também é imprescindível, com ultrassom pulsátil e eletro-estimulação;

Grau II: Ruptura parcial das fibras, só que agora com depressão visível e palpável, além da presença de hematoma ou equimose. O seu tratamento é praticamente o mesmo, só que por um período maior de recuperação, visto que a cicatrização necessária também é maior;

Grau III: São as mais graves, com ruptura completa do ventre muscular e sinais clínicos bem característicos. A opção de tratamento pode se estender até a necessidade cirúrgica, se necessário for.

Quanto as lesões tendíneas, é muito comum nos depararmos com as tendinites induzidas por esforços de repetição por tempo prolongado, as chamadas LER-DORT, que são tratadas nos mesmos princípios anteriormente descritos. O complicado, nesses casos, é que esses processos inflamatórios de repetição levam o organismo a manter um processo de cicatrização intermitente, onde se tira células danificadas e repõe novas, só que resulta em enfraquecimento estrutural, com calcificação de permeio, sendo essa uma estrutura de carga constante, o que pode resultar em colapso estrutural, com desinserção do osso ou ruptura do tendão, com consequências clínicas graves a médio e longo prazos. Podem resultas de atividades de trabalho, até desportivas, quando deitas de forma inadequada, expondo tais estruturas ao estresse para o qual não estão preparadas.